PROBLEMAS CONJUGAIS

A arte do amor… é em grande medida a arte da persistência.(Albert Ellis)
A designação dos problemas conjugais é aqui utilizada para referir todos os problemas que possam ocorrer dentro de um relacionamento amoroso, quer os parceiros se encontrem casados, quer vivam juntos sem estarem casados, quer tenham uma relação de namoro sem viverem juntos. Quando surgem problemas a este nível, é frequente que estes se sobreponham em impacto emocional a todos os outros problemas e dificuldades na vida da pessoa nesse momento.
COMO NASCEM?
As dificuldades de relacionamento amoroso podem ter origem em vários fatores. É verdade que muitas das dificuldades que as pessoas sentem nas suas relações são frutos do seu percurso individual e único, também é verdade que existem dificuldades mais ou menos generalizadas, e é sobre essas que falaremos aqui nesta matéria.
Uma das causas mais freqüentes em um problema de relacionamento amoroso são as expectativas irrealistas que criamos para o relacionamento e para o parceiro (a). Vivemos em uma época e em uma cultura muito preocupada com “o amor”, que geralmente é tema de muitos livros, músicas e filmes. A informação existente sobre este tema é imensa e muito pouco traduz de forma realista aquilo que os relacionamentos amorosos costumam ser na vida real criando uma imagem de um amor perfeito e de parceiros perfeitos.
Entre as idéias mais divulgadas estão mitos como:

• Estar apaixonados deve ser X e X= a idéia de “sinos a tocar”.
  
• Os parceiros deviam ser capazes de captar as necessidades e pensamentos do outro, como se lhe conseguissem ler a mente.
  
• Uma boa relação é aquela que os parceiros são completamente concordantes com as idéias e ações um do outro.
  
• Assumir inteira responsabilidade pela felicidade um do outro, este é o mais crucial.
  
• E para o relacionamento dar certo é necessário que ambos sejam perfeitos e que estejam sempre com a fisionomia boa e sorrindo.
  Não é de se estranhar que ao constatar estas idéias as pessoas se sintam perturbadas com o relacionamento e com o parceiro. O que acontece na maioria das vezes é que cada parceiro exige que o outro se comporte da forma que ele pensa que o outro deva se comportar. Por outro lado, o parceiro visado poderá reagir mal às exigências do outro, ajudando a acentuar essas mesmas frustrações e exigências. Isto pode acontecer mesmo em circunstâncias estáveis e boas, mas é claro que quando há pressões externas adicionais a situação se tornará mais intensa.
  COMO CRESCEM?
  Eventualmente o casal irá tirar cada vez mais conclusões negativas dos comportamentos um do outro, podendo levá-los a ver um ao outro sob uma expectativa exclusivamente negativa. Quando isto ocorre, cada um passa a distorcer os fatos da relação, e passa a interpretar uma discussão como a evidência de que a relação está a desmoronar, deixando de perceber os pontos positivos da relação, ignorando os momentos agradáveis que passam juntos dizendo que esta relação não tem nada de bom.
  Muitas vezes verifica-se que os casais em crise salientam como particularmente irritantes as características do parceiro que são o negativo daquelas que inicialmente os atraíram. Por exemplo, ao perguntar a um rapaz o que mais é intolerável na sua namorada ele responde que ela fala muito e é distraída, mas ao ser questionado sobre o que atraiu nele quando a conheceu, refere que a achou comunicativa e despreocupada. Ou seja, o enquadramento negativo que se faz da parceira é, uma distorção das características antes considerada positiva.
  COMO EXPLODEM?
  Cada parceiro está, então a exigir o melhor dos comportamentos à pessoa que terá a maior dificuldade em tê-lo, e a interpretar o fato de esta não passar neste teste impossível como mais uma prova de falta de amor. É um fato que muitas pessoas, particularmente em períodos de crise, têm dificuldade em comunicar de uma forma eficaz e prudente à resolução dos seus problemas. É muito freqüente que os casais encarem a comunicação como debate ou luta pelo poder, em que não chegam a expressar-se verdadeiramente ao outro (porque estão ao ataque) nem a ouvir verdadeiramente o outro (porque estão à defesa).
  COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS CONJUGAIS?
  A primeira coisa a referir sobre a superação de problemas de relacionamento amoroso é a de que esta deverá ser uma abordagem colaborativa de ambas as partes. Muitas vezes achamos que o relacionamento em crise não tem mais solução ao contrário com o esforço de ambos os lados a crise pode ser superada. Existem alguns passos que pode ajudar.
  1. Questionar expectativas: O primeiro passo é perceber se o parceiro está fazendo algo inadequado (independentemente de quão errado o outro parceiro também esteja). A seguir, tente perceber se há alguma expectativa irrealista por trás destas inadequações até que ponto estou exigindo que o meu parceiro e relação sejam perfeitos. Assuma que o surgimento de obstáculos, dificuldades e frustrações é infinitamente mais provável do que o contrário. Tente captar os pensamentos que antecedem as suas emoções fortes e negativas (tristeza, ansiedade, raiva), e perceber se está realmente a pensar de forma objetiva. Tenha em conta que, em períodos de crise, tendemos a ver as coisas de forma excessivamente negativa, e procure fazer os devidos descontos, ou seja, enquadrar os fatos de forma mais positiva (ou realista) quando necessário.
  2. Melhorar a comunicação: é importante ter em conta que independente á quanto tempo o casal estejam juntos, nunca é tarde para aprender a comunicar. Alguns princípios básicos de comunicação são:
  


• Tentem comunicar um com o outro como dois adultos, muitos casais se sentem no direito de ser pai ou mãe no momento em que se falam. Tem que se manter a igualdade de estatuto no casal.
  


• Comecem a utilizar com maior freqüência o termo EU “eu penso que” “eu sinto-me”, assumindo a responsabilidade pelos próprios pensamentos, sensações e emoções. Ambos têm direito a sentir o que sentem e a expressá-lo livremente, os sentimentos são coisas reais, quer você ache que são justificados ou não.
  




• Método mais simples e seguro de se comunicar é dizer primeiro aquilo que o próprio gostaria e depois solicitar a perspectiva do outro, ou seja, expor os seus próprios pensamentos, sensações e emoções e deixar que o seu parceiro faça o mesmo. Se ambos se auto-afirmarem (exprimirem aquilo de que gostam) e auto-protegerem (exprimirem aquilo de que não gostam), ambos ficam igualmente representados e protegidos, as coisas ficam claras e o trabalho de adivinhar deixa de existir na relação.
  




• Os elogios e o encorajamento tem melhor resultado do que as críticas. Procure comentar as coisas positivas que o seu parceiro faz.
  




• Em ocasiões em que cada um deseja fazer uma coisa diferente, procurem negociar de forma justa se um quer preto e outro branco é melhor ter preto num dia e branco no outro do que ter cinzento todos os dias.